quinta-feira, 23 de abril de 2009

A arte de mal-dizer e mal-fazer

A arte da maledicência, neste País, é a mais desenvolvida de todas as faculdades artisticas que temos. Cultiva-se, ao longo de séculos e sem dó nem piedade, a conversa de pé-de-porta, as tricas das porteiras (que ainda existem....), o dichote malicioso e maledicente nas lojas de bairro. Como uma maleita viral, espalhou-se para todo o lado e não há dia em que se abra um jornal ou se oiça um telejornal que a "noticia" tenha esse tipo de tratamento. Destrói-se, com a mesma facilidade, a vida e a dignidade de pessoas e a vida e a dignidade de países. Isto, porque, se ainda entendo (mal) que se achincalhe um cidadão, havendo ou não razões fácticas para isso, já não entendo nem aceito a sistemática destruição das coisas boas que se fazem em beneficio da eterna acentuação do mal que por aí vai.
Não entendo, por mais esforços que faça, que diariamente, de manhã até à noite, só se oiça dizer que tudo está mal, que temos um défice de competitividade, que estamos abaixo dos parâmetros europeus de produtividade, que os politicos do partido X só apregoam tretas (esquecendo que diziam o mesmo dos politicos do partido Y quando estava no governo), que a Europa para aqui e para ali, que somos uns tristes, que andamos todos deprimidos com a crise (já andávamos, e bem, em tempos idos e não muito longinquos), sem que, por uma vez que fosse, se informe, se divulgue, se ressalte as qualidades pessoais de A ou B, as competências (funcionais, técnicas, cientificas...) de C, D ou E, e etc., e etc.
A competência não vende.
Nem as qualidades. Nem o bem-estar, nem o desenvolvimento, nem o progresso.

Nem as medalhas dos paralimpicos, obtidas à custa do esforço único e pessoal, que para eles não há apoios..... Nem os pólos de matemática, prestigiados internacionalmente, nem os artistas plásticos de renome por esse mundo e representados em tantos museus e galerias prestigiadissimos, nem os cientistas e investigadores, publicados pelas revistas de especialidade mais reputadas e escutados pelo mundo fora, nem os prémios que se ganham, nem o valor das crianças que hoje falam de coisas inimagináveis ainda há 10 anos atrás, nem o desenvolvimento tecnológico, a nível não só do conhecimento informático mas, por exemplo, nas tecnologias do ambiente e tantos outros campos onde somos "bons" mas que não são acolhidos internamente.

E nada disto tem a ver com "patriotismo", que anda muito confundido com "patrioteirismo"..... Tem mais a ver com "postura". Anda muita coisa mal, lá isso anda e ninguém me convence que se fossem outros, hoje, a governar, fizessem melhor do que tem estado a ser feito, atenta a conjuntura. Mas português é assim mesmo....de tudo faz tristeza e fado. Com a mesma matéria, brasileiro faz samba. Ah, pois é.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Gostos pessoais são isso mesmo : cada qual come do que gosta. Eu gosto de comer publicidade inteligente. Posso nem comprar o produto, não sou influenciável pelos anúncios, mas estimo ver um bem feito, com graça, com ironia, com souplesse. Alguns surpreendem-me pelo conjunto. A campanha da Frize tem sido excelente; este último é genial. Tem imensa piada, e o Pedro Tochas tem sido, ele mesmo, a personagem. O homem nasceu para aquilo.

E entramos na época das santidades que todos aproveitam para umas férias, para esquecer a dureza do dia-a-dia. Fazem eles muito bem, se pudesse fazia o mesmo, mas como não pertenço ao grupo dos "faz-de-conta-que-sou rico-mas- não- sou", mas sim ao grupo "estou-tesa-todos-os-meses", por Lisboa me fico, entre jornais, Tvs ,sonolência e o sol. A estrela, não o jornal.

Ando com vontade de cascar numas quantas coisas, de onde ressalto o BPN, mas hoje não tenho pachorra.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ainda sobre o Prós e Contras (quanto mais se fala neles, mais importância se lhes dá....): este último destinava-se, supostamente, a debater os grandes investimentos públicos. Quais? Vários, em principio. Mas não: TGV (errado!) é que é bom e daqui não se saiu. O do PCP só lá estava para ornamento, para dar o ar de pluripartidarismo na coisa. O berloque do programa.... Não é que adiantasse, porque a conversa não muda, independentemente de haver razão ou não no que apontam.Mas também ninguém os ouve...
E o resto foi mais do mesmo : um vende o peixe e o outro regateia (peixe e preço).
Tenho andado a acompanhar a voz da oposição, considerando que essa se consolida no PSD. Oiço coisas mais interessantes ao BE ou mesmo ao CDS que a essa "oposição institucionalizada", que, tal como o outro, fala, fala e nada diz. Até hoje, só oiço o PSD a criticar, a criticar e a criticar (indiscriminadamente) mas até hoje ainda não lhe ouvi uma única proposta alternativa. Proposta. Proposta mesmo. Nada de mera ideias soltas ou sugestões de. E dou comigo a imaginar o PSD como governo na actual fase da politica e da economia mundiais. Não os vejo a adoptar medidas diferentes, a não ser para pior, porque desconfio que não teriam a preocupação social - predominaria a preocupação económica.
Por muitos engulhos que sentissem, não lhes restaria alternativa senão desenterrar o Keynes como todo o mundo está a fazer, a começar pelos EUA, para grande gáudio da alma daquele que até se viu proscrito do ensino nas universidades norte-americanas. Ultra-liberalismo exigia....Pois. Vamos lá buscar o morto, porque em muito até parece que ele tinha razão. Pisam-no, põem-lhe bota em cima para ver se o homem não estrebucha, olham para o lado e assobiam, disfarçam o mais que podem com rótulos e tretas das mais diversas, mas é Keynes que vão buscar como panaceia. E é bem feito! Toma!
Bom mesmo era que as luminárias que nos governam (que até são daquelas em que continuo a votar) saissem das suas secretárias e viessem para a rua. Mas com espirito militante, não como burgeois incomodado com os apertões no autocarro e no metro, os atrasos dos transportes públicos e o mau-cheiro de certas pessoas. Saiam, saiam, mas tragam a cabeça no sitio. Imponham-se viver uma semana, pelo menos, de um qualquer cidadão da classe média (já não exijo mais...). Esqueçam o táxi que é pago pelas ajudas de custo; o ar condicionado do gabinete; as secretárias e os assessores; o chegar ao trabalho e ter tudo adiantado, meio-feito por meia dúzia de escravos subservientes mas bem pagos; Levantem-se às 6h para levar as crianças à creche da Segurança Social ou à ama ali perto; apanhem o autocarro e suem, para não chegar atrasados e levar com um falta injustificada, pelo novo Código do Trabalho; Peçam licença para ir fazer xixi, mas só uma vez por dia, porque mais que isso é descontado no ordenado; trabalhem e trabalhem e trabalhem sem receber um tusto de horas extraordinárias; trabalhem em dia de folga e deem graças a Zeus por lhe pagarem o dia, porque folga de compensação nem vê-la; E não refilem, porque como estão a prazo, o contrato não se renova. Ah, e não se esqueçam de engolir os sapos todos, por mais humilhantes, porque o mercado está mau e emprego não se arranja.
E depois disto tudo, venham para casa e ponham-se a olhar para o frigorifico...E amanhem-se com 500 ou 600 "aéreos" por mês, com outro tanto do marido ou da mulher (com sorte, com sorte...) e paguem renda ou empréstimo, luz e etc e etc.
Esqueçam que o filho, com jeitinho, até pode fazer um estágio remunerado na empresa do Amigo ou a filha ser encaixada numa secretaria de Estado qualquer, mesmo sendo a Amizade o maior bem do mundo e os "encaixamentos" provirem do mérito. Deixem-nos à solta a procurar um emprego comum através dos comuns anúncios nos comuns jornais....
E depois, mas só depois, voltem para os gabinetes. Garantidamente, vão outros. Não é possivel o vosso olhar ser o mesmo.
Cá estarei para ouvir o discurso. Humanamente diferente, espero.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Acompanhar o Prós e Contras é um exercício de masoquismo. Com algum esforço, até consigo entender porque é que se tornou no maior(?) programa de debate político. Não é o melhor, pelos meus critérios, mas o panorama é confrangedor. Sempre que o vejo - e é um esforço enorme chegar ao fim - só me apetece bater naquilo que é chamado de "moderadora". Não lhe basta vestir mal e exibir tanto mau gosto, mas é aquela cabecinha, aquela cabecinha que não se percebe em que planeta vive. A mulher é um susto, de tanta ignorância que exibe, falta de preparação dos temas e má educação, nunca deixando um interveniente acabar um raciocínio. E aquela mania que ela tem de comentar/complementar - em paralelo à intervenção - sempre que ouve falar no nome de alguém. E, sempre, a enorme presunção, que o programa contribui, de alguma forma, para a salvação do mundo. Presunção e água benta.....
A mesma, aliás, de tantos outros que debitam sem cessar coisas importantissimas sobre o desemprego, por exemplo. Mas eles sabem lá o que é estar desempregado e saltar para o mercado de trabalho? Sabem lá o que é chegar a ficar de marmita na mão, a pedir ajuda a amigos para comer ou ter de ir á sopa da AMI? O que sabem eles dos sustos de não ter dinheiro para comer quanto mais pagar as contas? O que sabem eles do que se passa dentro das empresas, com a chantagem, disseminada por este País, do "ou fazes o que eu quero ou vais para a rua"? Nada. Mas falam, e falam, e falam......o que eles falam, meu Zeus!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O meu desfastio

Andamos todos de tanga.
Vingamo-nos nos escândalos, agora que os socialaites já deram pró peditório, bom mesmo são os politicos e os árbitros.
Eu divirto-me, porque lhes topo as invejinhas e a dor de cotovelo. É só abrir um jornal e abre-se logo a boca de espanto: mas que raio de noticias são estas? Dos telejornais nem falo : por mais que me doa, tenho de reconhecer que os da RTP são descoloridos e (porque será?....) com um ar suspeito de serem a favor do aparatchik...Mas, e os outros? A SIC...bem...essa oscila entre o agradar ao patrão (da situação, claro) e o estilo 24H, a TVI não vejo. Pronto, pronto, reconheço mais um pecado: não vejo a TVI. Depois, comparo com o Euronews e...não há comparação. Se é bom? Ah, isso não sei. Mas é diferente, até tem noticias da Europa....
Dos jornais? Hum....para mais tarde.